Usamos cookies para melhorar sua experiência de navegação no Portal Dataprev. Para ter mais informações sobre como isso é feito, acesse nosso Aviso de Privacidade. Ao continuar navegando, você confirma que leu, compreendeu e consente com a utilização de cookies.
Minoria na universidade, nova geração se prepara para ganhar espaço na TI
Ainda minoria nos cursos técnicos e universidades, nova geração começa a conquistar mais espaço no universo de TI.
Aos 18 anos, a jovem aprendiz da Dataprev Franciele Lobato de Melo integra um grupo de mulheres que já foram criadas em meio a computadores e software. Nos cursos técnicos e universidades, no entanto, elas ainda são minoria. É o que mostra a terceira reportagem especial sobre a presença feminina na TI, no mês em que se comemora o Dia Internacional das Mulheres.
Pesquisa da Computing Research Association identificou apenas 12% de mulheres entre os formandos anuais dos cursos de engenharia e ciência da computação nos Estados Unidos e Canadá. No Brasil, as classes de ciências da computação das universidades não reuniam, em 2010, mais do que 10% de mulheres, em média, de acordo com pesquisa das grandes empresas e estudos de universidades.
Uma visita ao data center da Dataprev em São Paulo pelos alunos da Escola Politécnica da USP parece corroborar com as estatísticas sobre a reduzida presença feminina nas salas de aulas dos cursos de TI, mesmo nos dias atuais. De 27 estudantes do quinto ano de Engenharia de Computação que foram conhecer a infraestrutura da Dataprev no último dia 10, como parte do Programa de Visitação e Relacionamento (Provir), apenas duas eram mulheres.
Números que acabam se refletindo no mercado de trabalho. Só 20% das 100 maiores empresas do mundo do ranking da agência Standard & Poor’s empregam uma diretora. A situação se repete no Vale do Silício: só 10% das empresas têm diretorias ocupadas por mulheres.
Constata-se a mesma história, ao descer a escala da hierarquia. No Google, só 30% dos funcionários são mulheres. No setor de engenharia da empresa, a relação fica ainda menor, 17%. A mesma relação desigual acontece no Facebook (31% são mulheres), na Apple (30%) e no Twitter (30%). Apenas 10% dos aportes financeiros são feitos em startups comandadas por mulheres, segundo estudo da Harvard Business School.
Influência familiar - Estudos acadêmicos apontam o comportamento familiar como o vilão para a baixa presença de mulheres no universo de TI. Brinquedos de meninas influenciariam a percepção laboral do mundo e suas capacidades. Elas são estimuladas a brincar de boneca e casinha, enquanto os meninos, com jogos de guerra e de tecnologia. Uma das defensoras da tese é a professora da Universidade Federal do Amazonas, Rosiane de Freitas.
A pesquisadora norte-americana Jane Margolis colocou mais lenha na fogueira, ao revelar em seu livro "Clubhous Unlocking: Women in Computing" que as famílias do seu país colocam o PC doméstico no quarto do filho.
No entanto, a experiência da jovem aprendiz Franciele Lobato de Melo indica que esse quadro começa a ser alterado. Como parte do programa da Dataprev, ela está entre os alunos do Centro de Recondicionamento de Computadores (CRC), do Polo Marista de Formação Tecnológica do Rio Grande do Sul, que são capacitados para recuperar computadores, que depois são utilizados em telecentros comunitários.
Nascida e criada no bairro batizado com o nome do poeta Mário Quintana, em Vila Timbaúva, a gaúcha se enquadra em um perfil de mulheres que se destacam em um mundo considerado exclusivamente masculino, inclusive brincando.
As mulheres já são hoje, por exemplo, o maior público dos jogos eletrônicos, de acordo com a terceira edição da Pesquisa Games Brasil, realizada pelas empresas Sioux, Blend Research e a faculdade ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing). Ou seja, brincar de casinha e de bonecas parece coisa do século passado.
Aos 18 anos, Franciele, aluna do módulo 1 do curso de manutenção de computadores do CRC, numa turma com mais quatro mulheres, conta que foi incentivada pelo avô José a abrir e mexer com as máquinas desde cedo.
"Meu avô tem uma oficina de manutenção e quando fiz 14 anos começou a me chamar para ajudá-lo, a fazer as coisas básicas", contou a gaúcha, que cursa o 2º ano do Ensino Médio na instituição Colégio Marista Ir. Jaime Biazus (Cesmar).
Por isso, ninguém estranhou quando resolveu fazer um curso de software na Escola Protec e, depois, se inscreveu na vaga aberta para o curso do CRC.
Segundo ela, na família, outras meninas também gostam de computadores, mas não chegam a pensar nisso como profissão. "Eu me apaixonei", disse ela, antes de deixar escapar uma outra paixão, os bichos. "Já pensei também em fazer Veterinária", afirmou, acrescentando que os únicos a estranhar sua escolha pelas máquinas são alguns vizinhos. Os pais, Leandro e Tiele, são só incentivos.
"Só alguns vizinhos me aconselhavam a fazer curso de cabelereira ou manicure. Mas a família pesou mais, escolhi os micros e hoje escrevo programas e faço todo o tipo de reparo", finaliza.