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Dataprev conclui obra de contenção de encosta no Cosme Velho
Situado em uma Área de Preservação Ambiental (APA), o projeto incluiu o replantio do terreno da Mata Atlântica afetado pelas chuvas em 2022
As obras da Dataprev para contenção e estabilização da encosta no Data Center Rio de Janeiro (DCRJ), no bairro do Cosme Velho, foram concluídas no início deste mês. Parte integrante das instalações da empresa, o terreno havia sofrido um desprendimento de solo durante chuvas fortes, em dezembro de 2022, e integra uma área de Mata Atlântica com proteção ambiental prevista em lei.
“É uma iniciativa de extrema importância, que reforça a segurança do maior data center da empresa e protege a operação de serviços essenciais para o processamento dos benefícios previdenciários”, destacou Álvaro Botelho, diretor de Administração e Pessoas da Dataprev, que visitou o DCRJ, na sexta-feira (7), com Roberto Villano, superintendente de Serviços Logísticos. O investimento total na obra somou R$ 4,9 milhões.
De acordo com dados da Prefeitura do Rio de Janeiro, em dezembro de 2022, a estação pluviométrica de Laranjeiras, região onde se insere o Cosme Velho, registrou um acumulado de 213 mm de chuvas, o maior dos 12 meses e cerca de 70% acima da sua média mensal de 125,5 mm no ano. Efeito desse aguaceiro, na manhã do dia 29, aproximadamente 200 metros cúbicos de terra deslizaram pela encosta do DCRJ, atingindo parte da plataforma de facilitites, especificamente os gabinetes onde estavam localizados geradores e equipamentos do sistema de climatização.
“Nenhuma máquina foi afetada, mas a contenção do terreno se tornou estratégica”, afirmou Marcelo Argento, arquiteto do Departamento de Engenharia e Manutenção Predial (DEMP) da Dataprev, responsável pela fiscalização da obra, junto com Carla Schreiner, arquiteta e supervisora do Serviço de Gestão de Ambientes José Neves (SGGJN). Segundo Argento, a parte de cima da encosta, embora não tenha se deslocado, ainda continha mais de 400 m³ de solo, sinalizando riscos futuros.
Na ocasião do deslizamento, após as medidas imediatas de interdição das áreas de risco, foram acionadas a Defesa Civil, Geo-RIO (Fundação de Geotécnica da Cidade do Rio de Janeiro) e o Serviço Geológico do Brasil – CPRM. Já os serviços de consultoria (contratados da empresa Leite Biazotto), de contenção e estabilização (com a Seel Serviços Especiais de Engenharia), e de monitoramento do terreno (Commetro Engenharia) foram realizados ao longo de 16 meses.
O monitoramento geotécnico é um aspecto relevante do projeto, conforme destacado por Dalil Mady, gerente da Divisão de Manutenção Predial (DIMP) da Dataprev. Enterradas no solo, sete ilhas de monitoramento permitem medir periodicamente qualquer movimentação do terreno, além de umidade do solo e precipitação pluviométrica. O sistema tem tubulações profundas, algumas com até 12 metros de profundidade. O histórico desses indicadores permitirá antecipar cenários sobre a estabilidade do solo e adotar ações de contingência, caso necessárias.
Em face das medidas implementadas, é importante salientar que, atualmente, a encosta está completamente estabilizada, tanto em relação ao solo quanto aos elementos arbóreos e edificações, com a margem de risco dentro dos padrões de segurança aceitáveis.
Cobra-coral, arara e macaco-prego
A encosta do DCRJ, localizada na parte de trás do terreno do data center, está situada na Área de Preservação Ambiental (APA) do Cosme Velho, instituída na Lei nº1.784 do município do Rio de Janeiro, em 1991. Por isso, combater o risco de deslizamentos também significa promover a proteção ambiental dessa área, aos cuidados da Dataprev. As obras se desenvolveram em trecho de 3.150,00 m², de uma área total de 6.526,25 m² do DCRJ.
A APA do Cosme Velho é composta por Mata Atlântica, bioma rico em biodiversidade, que pode abrigar cerca de 20 mil espécies vegetais, 850 espécies de aves, 370 de anfíbios, 200 de répteis, 270 de mamíferos e 350 de peixes, conforme dados do Ministério do Meio Ambiente.
Situada em perímetro urbano, neste caso, a APA do Cosme Velho é um pouco mais modesta. Mas, durante as obras, logo no primeiro dia, a equipe encontrou uma cobra-coral e uma arara, como contou Glaucilene Souza, engenheira civil da Seel, responsável pelo projeto. Na semana passada, durante a visita, as equipes da DAP também puderam observar alguns macacos-pregos nas jaqueiras da área protegida pela contenção.
A hidrossemeadura foi a técnica usada para fazer o replantio do terreno desmatado pelo deslizamento. Ela funciona por meio de pulverização de um mix de sementes no solo. Foram escolhidas plantas de vegetação rasteira das espécies Decumbens, Ruziziensis, Crotalaria Ochroleuca, Fedegoso, Guandu Anão, Nabo e Painço.
Esse replantio contribui para o controle da erosão, ajudando na prevenção de novos deslizamentos e manutenção da biodiversidade do espaço. Argento apontou a riqueza da área verde. “Mesmo antes da hidrossemeadura, já havia plantas nativas querendo nascer. Em duas semanas, começaram a brotar. A natureza seguindo o curso, o terreno está vivo.”
Projeto técnico
Além da hidrossemeadura, outros serviços fizeram parte do projeto: instalação de uma barreira de contenção dinâmica com uma extensão de 33 metros de comprimento e quatro metros de altura. A barreira tem coluna articuladas e é projetada para receber e conter o escorregamento do solo, o desprendimento de blocos rochosos e queda de troncos de árvores.
Outro cuidado necessário foi com a recuperação e ampliação do sistema de drenagem, conforme explicou Argento. “O ponto mais importante de toda a obra é a drenagem, porque é o excesso de água que derruba as encostas.”
O sistema construído na obra é composto de canaletas, caixas de captação e DHP’S (drenos horizontais profundos). Esse sistema capta e escoa a água da área em aclive, direcionando-a para o sistema pluvial da via pública.
Também foi realizado um procedimento de grampeamento de solo com o objetivo de promover a estabilização junto ao maciço rochoso. Esse processo consiste na aplicação de uma estrutura de grampos do solo até o maciço rochoso, sendo finalizado com a instalação de uma tela de aço de alta resistência e um revestimento de biomanta vegetal, um material composto por fibra de coco, onde acontece o plantio. Outra estrutura que faz parte do processo de estabilização são as cortinas atirantadas. Elas são formadas por painéis de concreto fixados por tirantes, cabos de aço que se ancoram no solo atrás da estrutura. Esses tirantes ajudam a suportar a pressão do solo.
Em pelo menos 40% dos tirantes, os técnicos verificaram as cargas de proteção, por meio da medição do tensionamento dos cabos, utilizando um macaco hidráulico. A partir disso foi feito um tratamento da corrosão na cabeça de todos os tirantes, concretagem e aplicação de uma nova pintura. Além disso, foi erguida uma passarela de inspeção e manutenção medindo 1,5 metro de largura e 23 metros de comprimento, com revestimento em assoalho e guarda-corpo em madeira ecológica, fabricado com a reutilização de garrafas PET. O objetivo da estrutura é permitir o acesso para as equipes de manutenção e conservação.